Os 13 porquês - Impressões - Meus Antídotos

19 de maio de 2017

Os 13 porquês - Impressões

Antes de começar a escrever sobre Os 13 porquês, fiquei um bom tempo sentada em frente ao computador olhando para uma tela em branco. Foi difícil. Já li livros com temas considerados polêmicos antes, variados temas, mas acho que este me comoveu de um jeito diferente. O livro tornou-se bastante discutido nas últimas semanas, principalmente por conta do lançamento da série homônima na Netflix, criticada por alguns e aclamada por outros. Não vou falar muito sobre o que se passa no livro ou na série, mas sim sobre as impressões que ela me deixou. 

Em Os 13 porquês conhecemos um pouco da história de Hanna Baker, contada por ela mesma após sua morte, ou melhor dizendo, após seu suicídio. Hanna deixa um conjunto de fitas contanto os 13 porquês dela ter decidido se suicidar, e cada um daqueles que foram um dos seus motivos deveria escutar as fitas. Na primeira fita, Hanna orienta o que cada um deve fazer após escutar todas as fitas. 

O livro de Jay Asher torna-se mais interessante por conta da dupla narrativa, um é Hanna Baker, através das fitas e o segundo narrador, é Clay, um dos que recebeu as fitas. Na série, cada episódio é um capítulo do livro, ou seja, cada episódio/capitulo é um lado da fita, um porquê. Hanna é uma menina com sonhos e expectativas que tem seu futuro destruídos inicialmente por boatos. Clay era apaixonado por Hanna, mas nunca disse isso a ela, e não se perdoa por não saber o que se passava com ela enquanto ela ainda estava viva.

Quem leu, pode ter se identificado com alguns dos sentimentos apresentados pela personagem principal ou pelos outros personagens. Ou ainda, com cenas parecidas com as que você presenciou ou vivenciou na sua adolescência, no colégio, no bairro. Eu sim. Naquela época, algumas coisas você achava inofensivo, inocente, sem importância. Talvez não. 

Bullying, falsidade, estupro, suicídio. Tudo em um único livro. 

Bullying, palavra feia não é? Se você tem mais de 20, posso dizer com quase toda certeza que você de alguma maneira já praticou ou foi alvo de bulling, você só não sabia disso, ou não haviam nomeado assim ainda. Quer ver? Se você era gorda: baleia; se era magra e alta: Olivia Palito. Se era inteligente: cdf; se não era, burro. E por aí vai. Não importava que característica você tivesse, alguém implicaria, alguém transformaria aquela característica em motivo de piada, em motivo de ofensa. Mas você nunca pensou nas consequências a que isso levaria, principalmente se a ofensa partia de você. 

Bom, eu era Olivia Palito. O que isso marcou em mim? Não sei dizer, talvez nada. Também já tive do outro lado da moeda, tirei muito sarro dos meus amigos, virou defesa, mas sou amiga deles até hoje (beijo queridos). Algumas pessoas seguem em frente, esquecem, superam. Outras nem tanto, em algumas pessoas isso machuca e segue machucando. Você já imaginou que chamar uma pessoa de baleia pode fazê-la pensar em suicídio? Quando se é criança, talvez isso não passe pela sua cabeça, mas e quando você é um adolescente, um adulto, já pensou nisso? Vamos seguir em frente. 

Uma brincadeira que aparece no livro de Jay Asher, aparentemente inofensiva, e que provavelmente já apareceu no seu colégio, talvez não em sua turma, mas com certeza no seu colégio. As listas. No livro: Quem é a mais gostosa/quem não é. Na nossa vida, uma infinidade delas: quem é a mais feia, quem é a mais gorda, a mais desengonçada, quem não sabe falar, quem é a mais burra, quem beijaria e por aí vai. Na vida de Hanna essa lista foi um divisor de águas. Na sua vida, você não deve lembrar de nenhuma agora. 


Na vida de Hanna, esses foram só alguns dos fatores que levaram a outros e a outros e formaram uma bola de neve que levaram a sua vida a ser insuportável, que a levaram a se suicidar. Se você já passou por alguma dessas situações ou por todas elas e nunca pensou em suicídio, deve estar se perguntou se é motivo suficiente. Parabéns, você é uma pessoa forte. Mas confie em mim, na vida real, no dia-a-dia, quando uma coisa junta com outra, é motivo. E se assim como Hanna, você não tem ninguém para se apoiar, ninguém em quem possa confiar, ou você acredite que não tem, essas coisas só se tornam maiores e maiores. 
Mas não dá para fugir de si mesmo, não dá para tomar a decisão de não s ver para sempre. Não dá para tomar a decisão de desligar aquele ruido dentro da sua cabeça.
E para finalizar. Violência Sexual. Quando eu li os capítulos sobre esse assunto, o primeiro de forma clara, e o segundo de forma subentendida, fiquei aterrorizada. Não consigo imaginar como uma pessoa é capaz de fazer uma como essa, ou como consegue se olhar no espelho no dia seguinte, ir para o colégio, faculdade ou para o trabalho. É nojento. Não sei como descrever o que senti pela Hanna. Quantas vezes estamos em uma festa e um cara nos passa uma cantada, e mesmo sendo rejeitado ele tenta ir mais além? Uma mão boba, uma palavra agressiva. E quantas vezes, homens ou mulheres, presenciamos caras passando dos limites e não fazemos nada? A partir do momento que você pratica uma ação sem o consentimento da outra parte, uma passada de mão que você pode achar insignificante, é agressão, é violência. 

Espero que todos possam ter a oportunidade de mais do que assistir a série, de ler Os 13 porquês. Você pode, talvez, enxergar as coisas de outra maneira. Você poderia ser Hanna Baker, você pode conhecer uma Hanna Baker e não saber, você pode ser ou se tornar mãe ou pai de uma Hanna Baker. Ou pior, você pode ser um porquê. Não seja um porquê. 
Ninguém sabe ao certo quanto impacto tem na vida dos outros. Muitas vezes não temos noção, mas forçamos a barra do mesmo jeito. 
E você leu o livro? Assistiu a série? Me conta o que achou. 

12 comentários

  1. Oi, Grazy! Tudo bem?

    Eu cheguei a pegar o livro emprestado, mas não consegui ler. Eu havia acabado de ver a série e ainda estava muito impactada. Eu fiquei MUITO mal assistindo a ela, talvez por ter sido vítima de bullying por muitos anos.

    Minhas impressões foram parecidas com as suas. Mas em mim elas machucaram. :') Tenho medo de esse tipo de publicação influenciar os adolescentes vítimas de bullying a fazerem como a Hanna, em vez de incentivar os agentes a não serem os "porquês" de alguém, sabe?

    Gostei do seu post e obrigada por ter passado lá no Ratas de Biblioteca!

    Beijo,

    Thaís

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oie Thaís,
      Eu fiz o processo inverso, li o livro primeiro e achei a série muito mais chocante.
      O bullying é uma coisa muito pesada, mas muitas crianças quando o praticam, às vezes, não tem noção do quanto aquilo pode afetar a vida da pessoa. E isso é triste, mas temos que ter esperança que um dia isso irá mudar. Espero que você esteja bem agora.
      Essa questão de como o livro/série pode influenciar quem sofre com o bullying é complicada e já foi bem discutida, porém não se chegou em nenhuma conclusão definitiva. Alguns assim como você, acreditam que pode incentivar o bullying e o suicídio. Outros, pensam que isso pode impactar de maneira positiva, evitando isso.
      Bom, eu li em algum lugar, não lembro a fonte, que em países da Europa onde o livro foi lançado, o índice de suicídio de adolescentes diminuiu após a publicação e aumentou o número de crianças e adolescentes a procura de ajuda por sofrerem bullying ou violência sexual. A mesma publicação, diz que em alguns lugares do Brasil, o efeito foi o oposto. Então é complicado, e é um cuidado que todos devemos ter.
      Enfim, desculpe o textão. E obrigada pela visita. Beijooo!!!

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Não li o livro, apenas assisti a série. Gostei muito, mas depois de assistir li muitos artigos sobre ela, criticando a produção e a história em si e tudo mais. Mas no geral, eu gostei e achei um tema importante a ser debatido, discutido ou no mínimo que tomemos consciência sobre o que é retratado na série e ficarmos atentos à determinadas coisas, como comentários, atitudes, enfim.

    Beijos
    Meu Outro Lado

    ResponderExcluir
  4. Olá, tudo bem?
    Eu li o livro faz tempo e não lembro de muita coisa, mas gostei bastante. A série eu também gostei, mas estou no grupo que não gostou da cena do suicidio ser mostrada.
    Beijos!

    http://excentricagarota.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  5. Eu não li o livro nem assisti à série. É importante discutir o tema. Parabéns pela resenha. Bjs Andreia www.mardevariedade.com

    ResponderExcluir
  6. Oi Grazy!
    Eu assisti a série, mas não li o livro.
    Gostei bastante, é uma situação bem complicada que foi retratada.

    apartamentoparadois <3

    ResponderExcluir
  7. OLáá! Tudo bem?
    Ainda não li o livro e nem vi a série.. mas fico super curiosa para começar! só ainda não consegui por falta de tempo mesmo (e milhões de outras séries e livros para ler heheh). mas gostei das coisas que falou sobre como todo mundo já pode ter passado por isso, porque seja qual for a aparência ou característica, sempre vai ser uma piadinha para bullying ''/
    beeijo

    http://lecaferouge.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  8. Oie,

    Eu comecei assistir a série com aquela animação, mas ainda não terminei por falta de tempo mesmo.
    Estou gostando da trama.
    Bjs e uma ótima noite!
    Diário dos Livros
    Siga o Instagram

    ResponderExcluir
  9. Nossa, é o meu livro favorito essa história.
    Lembro que li pela primeira vez em 2009 na escola, e fiz um trabalho sobre ele na aula de português. Lembro também que sempre que eu indicava esse livro pra alguém ler, todo mundo virava a cara e achava que era uma história sem graça.

    agora depois de anos, fazem uma série e todos a amam, e se dizem fãs, sabe qual é a minha sensação?
    De que pegaram algo que era só meu e espalharam pro mundo.
    Fico feliz que outras pessoas estão tendo a oportunidade de conhecer a história e ver o quão forte e necessária ela é nos dias de hoje, mas admito que sinto um ciuminho quando vejo gente dizendo "ah é minha série favorita, é meu livro favorito" hahahah

    beijos
    www.20-primaveras.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahaha eu tenho essa mesma sensação Malu, quando eu leio um livro ou vejo um filme/série que ninguém conhecia e de repente fica famoso, bate aquele ciuminho mesmo.
      Acho muito importante que as pessoas leiam esse tipo de livro e vejam essas séries, principalmente os jovens, e entendam o quanto isso afeta a vida dos outros e o quanto machucam. Talvez encarem como uma lista do que não fazer, eu espero.
      Beeijo!!

      Excluir

Comente! Mas por favor, não deixe de ler o post. Isso é muito importante.
Não esquece de deixar o endereço do blog.
Ficarei feliz em retribuir a visita. Volte sempre!
x.o.x.o